Eu cantei e me ferrei
Viajante,
Obrigado por me receber. Na terra fui cantor; infelizmente, cantei a dor. Não a minha, a dor dos outros. Escondia-me nas canções pé de serra, rasta-pé, versos de traição e como se não bastasse o chão, a pinga, a mágoa.
Oh trem bão! Cantei, cantei como seresteiro, ao invés de promover o amor, promovi a falta de pudor, o corno, o chifre, o engano, a mentira e a traição. Ai meu coração! Vendi muitos discos, e ainda vendo, morri de velho... Esperançoso pelo céu, como bom católico, queria ir pro paraíso, oh díliça. Num deu, cheguei aqui e vi que cantei errado. Não contei coisas boas, cantei o sofrimento alheio, e cada vez que uma música minha é toda, mais dor me dá na alma.
Que culpa tenho eu, se as pessoas gostam mesmo é de uma moda arrastada de viola que fale da desilusão. Aí o problema, Deus aqui não pensa assim, eu me dei de conta que as letras que escrevi, mesmo não vi, eram hinos à dor, à mágoa, à mentira. Outras ainda, eram manuais básicos de adultério, sedução e sensualidade.
Me ferrei. Eita lasqueira, ganhei um dinheirão com meus discos, até disco de ouro fui, olhando daqui, isso de nada vale, porque até hoje algumas músicas fazem sucesso, mas na verdade ressoam na alma da humanidade como o mal que o ser humano é capaz de fazer com seu parceiro, sua cúmplice, sua família.
É viajante, terrível hein. Embarquei nessa achando que a riqueza e a fama me redimiriam de tudo. E, ao invés de usar o sucesso, para promover o amor e a paz (essa a minha missão inicial) usei o mesmo sucesso para enriquecer e promover o adultério e a dor da traição, trazendo tristeza às pessoas, carregadas de memórias tristes.
Estou no inferno da minha culpa, da minha consciência culpada, da oportunidade perdida. Se eu pudesse oferecer um conselho, a quem quer que seja seria esse: viva uma boa vida, correta, sem coisas negativas, ou sem aproveitar do fracasso dos outros para enriquecer, respeitem os dramas e as dor dos demais, não se aproveite disso e todo o resto fará sentido!
José Salvador, Espírito de um cantador sertanejo.
Obrigado por me receber. Na terra fui cantor; infelizmente, cantei a dor. Não a minha, a dor dos outros. Escondia-me nas canções pé de serra, rasta-pé, versos de traição e como se não bastasse o chão, a pinga, a mágoa.
Oh trem bão! Cantei, cantei como seresteiro, ao invés de promover o amor, promovi a falta de pudor, o corno, o chifre, o engano, a mentira e a traição. Ai meu coração! Vendi muitos discos, e ainda vendo, morri de velho... Esperançoso pelo céu, como bom católico, queria ir pro paraíso, oh díliça. Num deu, cheguei aqui e vi que cantei errado. Não contei coisas boas, cantei o sofrimento alheio, e cada vez que uma música minha é toda, mais dor me dá na alma.
Que culpa tenho eu, se as pessoas gostam mesmo é de uma moda arrastada de viola que fale da desilusão. Aí o problema, Deus aqui não pensa assim, eu me dei de conta que as letras que escrevi, mesmo não vi, eram hinos à dor, à mágoa, à mentira. Outras ainda, eram manuais básicos de adultério, sedução e sensualidade.
Me ferrei. Eita lasqueira, ganhei um dinheirão com meus discos, até disco de ouro fui, olhando daqui, isso de nada vale, porque até hoje algumas músicas fazem sucesso, mas na verdade ressoam na alma da humanidade como o mal que o ser humano é capaz de fazer com seu parceiro, sua cúmplice, sua família.
É viajante, terrível hein. Embarquei nessa achando que a riqueza e a fama me redimiriam de tudo. E, ao invés de usar o sucesso, para promover o amor e a paz (essa a minha missão inicial) usei o mesmo sucesso para enriquecer e promover o adultério e a dor da traição, trazendo tristeza às pessoas, carregadas de memórias tristes.
Estou no inferno da minha culpa, da minha consciência culpada, da oportunidade perdida. Se eu pudesse oferecer um conselho, a quem quer que seja seria esse: viva uma boa vida, correta, sem coisas negativas, ou sem aproveitar do fracasso dos outros para enriquecer, respeitem os dramas e as dor dos demais, não se aproveite disso e todo o resto fará sentido!
José Salvador, Espírito de um cantador sertanejo.
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